Embora óbvia, no campo do sentir é imensamente difícil.
E vivenciando devagar deixar doer, fui me dando conta de quantas dores "engoli", joguei para debaixo do tapete nas últimas décadas, bem, uma hora isso tudo ia ter que explodir porque não iria mais comportar e a hora chegou.
Precisava parar, precisava realmente por um dia deixar tudo isso dar vazão, hoje com muita consciência do meu limite e mergulhar na dor sem suporte não é JAMAIS recomendado.
Não sabemos o que vem, como vem, nossos sentimentos são atemporais, nossa razão dimensional tempo e espaço mas sentimentos não, quer ver só... basta você pensar em algo bem feliz que viveu, enquanto escrevo me vem em mente a primeira vez que vi uma pessoa muito especial em minha vida, chega surge aquele sorrisinho, sinto mesmo que ameno aquela "borboletinha meio que a dançar no estômago" ahahah sabe quanto tempo passou? 26 anos.
E está mesma "lógica" ocorre com todos os sentimentos.
Bom, voltando ao "deixa doer", fiz está imersão supervisionada e me dei conta de muitas dores que precisava deixar doer, muitas saudades do vivido mas também do não vivido, de ruptura bruscas de relacionamento significativo que sim me desestruturou completamente; lutos, que envolve desde o desencarne de meus pais, meu pai desencarnou em 2012 e minha mãe em 2013, mudança de profissão, quebra financeira, separação, separação de minha cachorra, e por aí vai... muitos lutos, muitas perdas, muitas transformações.
Isso tudo foi e é a vida.
Durante grande parte deste tempo tive suporte psicológico, mas hoje, mas do que em qualquer outro momento, compreendi duas frases que ouvi: "as vezes tempo que jogar a bola para trás para conseguirmos seguir em frente" e "o processo terapêutico é como uma cebola, tem situações que precisamos tirar camada por camada"
E sim, acredito nisso, assim como acredito que algumas situações que vivemos ecoam em nós de maneira "sazonal" abril e maio há muitos anos são meus "gatilhos".
Bom, mas o que quero compartilhar com isso tudo.
Deixar doer para mim hoje é o caminho de me aconchegar, me pegar no colo, me fazer um carinho e enfrentar este monstro que parece querer me engolir. Anos se fizeram necessários para eu compreender que enquanto eu não deixar doer não vai cicatrizar, que sair desenfreada buscando uma forma de aliviar, esconder está dor não vai adiantar, pasmem só está piorando e eu me afundando...
Fiz um balanço bem rápido e percebi que muitas de minhas escolhas desde o dia que me quebrei inteira há quase cerca de 20 anos atrás foi mais por desespero por não suportar a dor do que qualquer outra coisa e isso foi virando uma bola de neve. Mas tive que viver a raiva, o ódio , a não aceitação, a falta de perdão e muitas outras coisas... e esta tudo bem, o luto, compreendendo que vivenciamos o luto não apenas da morte de alguém que amamos mas sim, são as perdas que vivenciamos e o luto tem suas fases....Eu só precisava ter parado naquele momento para sentir a dor que tudo aquilo estava me causando, mas nao consegui...e durante todos estes anos, fiz, escolhi e dei de mim o que pude.
E neste caminho, outras dores se juntaram a está, outras perdas e assim chegamos onde estou.
Hoje, este processo está lindo, um novo desabrochar, um novo momento de resssignificar minha vida.
Diante de mim, aos poucos outras possibilidades de ser e existir no mundo apontam no caminho.
Deixar doer, para mim é uma forma de me deixar viver e passinho por passinho, com todo suporte especilizado necessário deixo a dor surgir, me permito me curar.
Deixar doer talvez seja o se permitir viver em sua plenitude...
Kátia Tanaka
Kátia Tanaka
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