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quinta-feira, 22 de maio de 2008

O que posso aprender com isso?


Nossa vida é construída por momentos, creio que esta frase não seja nova, todos nós um dia já ouvimos e brilhante foi quem a escreveu.
Cada um desses momentos são como fios que vão tecendo nossa existência. Esses fios podem ser momentos bons, alegres, de plena felicidade, momentos ruins, péssimos e aqueles que nos deixam a sensação de desmoronamento do nosso próprio eu.
Mas uma coisa é certa, sendo estes momentos bons ou ruins, não são apenas momentos, trazem em si algo mais profundo, sutil, que muitas vezes sequer percebemos: as valiosas lições e possibilidades de crescimento.
Muitas vezes ficamos tão envolvidos nas emoções que vivenciamos, sejam os momentos bons que nos deixa uma sensação de contentamento, seja os momentos ruins que nos trás uma sensação de desmoronamento o que diferencia é o quanto estamos envolvidos que muitas vezes conseguimos apenas sentir.
Se nos afastarmos e olharmos a situação, conseguiremos contemplar as valiosas lições, este afastamento possibilita olharmos para a situação por um outro ângulo, sentir mais também encontrar uma ponte para o crescimento.
É um movimento rico, pois olhamos para dentro de nós, podemos até mesmo perceber o quanto mudamos, são faces desconhecidas para nós mesmos, força interior que não conhecíamos, balanço de vida, o sentido que damos a tudo que nos acontece. São nessas paradas que muitas vezes nos questionamos “O que estou fazendo da minha vida?” e com isso mudar direções, apressar o passo, reduzi-lo, perceber o quanto estamos nos fazendo de bem ou mal, da mesma forma que podemos reconhecer nossos limites.
Este movimento não é fácil, é difícil vivenciar uma situação, se entregar de fato e ao mesmo tempo se afastar e se questionar. O que posso aprender com isso?
A linha que separa a entrega da superficialidade é muito tênue.
Fazer esse movimento de sair do vivenciar, olhar, se questionar, visualizar as possibilidades de crescimento e retornar a vivenciar, sem nos defender demais e sem nos perdeu nas emoções não é fácil.
Exige treino, autoconhecimento, entretanto, se conseguirmos este movimento, passamos a não viver no piloto automático, tomamos as rédeas de nossa vida, nos tornamos mais conscientes de nossos atos, reconhecemos nossos limites e com isso, deixamos de ser vítimas de nossa própria história de vida e passamos a ser autor.
Claro que sei que diante do sofrimento que parece dilacerar nossa alma é difícil pensarmos no que podemos aprender, a dor parece nos consumir, o que mais queremos e ansiamos é sair deste estado e curar nossa ferida, sanar a dor.
Mas fazer este movimento de refletir sobre o que se pode aprender com isso é como encontrar um local tranqüilo dentro de si, em meio a turbulência, com isso percebemos que a forma como enxergamos a situação é modificada e aos poucos vamos clareando nossas idéias, acalmando nossas emoções e com isso redirecionando nossos passos, encontramos novas possibilidades de resolver nossos problemas, de vivenciar esta situação.
E quando tudo passa, sejam os momentos bons que nos tiram do chão, seja os momentos ruins que nos joga bruscamente nele, perceberemos que não apenas sofremos mas nos transformamos, transcendendo e certamente não somos mais os mesmos.
Percebemos que cairemos outras vezes, sairemos do chão tantas outras, mas caminharemos mais firmes, certos de que todos estes momentos em suas mais variadas nuances, faz parte da vida, o que muda é a maneira como os encaramos, vivenciamos e nos permitirmos nos lançar e retornar, certamente mais amadurecidos, mais plenos principalmente de nós mesmos.

Katia Tanaka

Quando o vazio interior, reflete a falta de amor próprio - Rascunho de 2002


Às vezes nos pegamos meio vazios por dentro, como uma sensação que tenta nos dominar.
Um momento de profunda solidão interior, um silêncio perturbador, uma ponta de tristeza que invade nossa alma.
Neste instante, olhe como um pouco de calma para seu interior, tente sentir suas expectativas diante da vida, diante do mundo. Você poderá se surpreender que você talvez esteja olhando para o horizonte errado de sua vida. Talvez você tenha abandonado sonhos, que pensou ser impossível se tornar realidade, talvez você tenha esquecido de cuidar do principal, cuidar de você.
Muitas vezes em nossos caminhos, procuramos desesperadas alguém que nos complete, e com isso, vamos deixando de cuidar dos espaços escondidinhos de nossa vida. E sempre nos sentimos frustrados ao perceber que vamos acumulando relacionamentos frustrados, vazios e sem sentido.
Sabe por quê?
Porque procuramos fora de nós o que deveríamos cultivar em nosso interior.
Quando estamos bem a gente mesmo, nos amamos, estamos felizes por ser quem somos, não há necessidade de buscar quem nos complete, mas sim quem vai caminhar ao nosso lado, nesta jornada da vida.
Nestes momentos em que nos sentimos sem rumo, meio vazios, talvez seria interessante refletir.
O que você espera para sua vida?
O que espera de fato encontrar em um relacionamento?
O que te deixa feliz?
Qual caminho você quer mesmo seguir hoje?
Quantas vezes abrimos mão de nossa felicidade por medo.
Medo de nos magoarmos, medo de magoar os outros, medo de tentar, medo até mesmo de vencer.
Quantas vezes olhamos para nossos sonhos e pensamos “isso é impossível”.
Quantas vezes nos sentimos incapaz diante de uma situação.
Claro que nem sempre conseguimos o que queremos da vida, mas muitas vezes passamos o tempo sonhando e esquecendo do principal, coloca em ação.
O primeiro passo é organizar-se interiormente, dê um tempo para você, reflita sobre questões que hoje lhe incomoda, tenha carinho, amor, cuidado por você e então comece a verificar com calma o que tem te deixado vazio, triste e de mal com a vida, e ao perceber isso, tenha calma, comece as mudanças devagar.
Lembre-se tudo tem um ritmo.
O importante é caminhar, de fato enxergar e realizar mudanças, não importa a velocidade com que as mudanças ocorram o importante é começar a caminhar.
Tente o máximo que puder, olhar com carinho para seu passado, claro que tem fatos que dói ser lembrado, porém foram vividos e te ajudaram de alguma forma ser quem você é hoje.
Olhe com imenso carinho para o seu momento presente e tente mudar o que não lhe agrada, falar é sempre tão fácil, mas mudar, ah, mudar implica ação, força, coragem e determinação.
E isso ninguém poderá te dar, é algo que terá que ser construído dentro de você.
Com o passar do tempo você perceberá que talvez esteja gastando energia e tempo demais em um caminho que já não faz mais sentido. E quando perceber isso mude!!!!
Mude a direção, abandone o que não faz mais sentido, permita-se caminhar com mais leveza.
Esvazie-se e preencha-se com o que há de melhor: O amor.
Não aquele direcionado para alguém e sim aquele direcionado a você!.
Katia Tanaka

Momentos - Rascunhos de 2002






Houve momentos em que sorri
E dividi com você minha alegria.

Houve momentos que chorei.
Te busquei, mas você não ouviu o meu chamado.

Houve momentos em que estava me sentindo sem forças.
E foi no seu sorriso, que encontrei forças para seguir adiante.

Houve momentos em que me senti muito só.
E foi buscando ouvir sua voz, que preenchi este vazio.

Houve momentos em que estive na escuridão.
E foi me lembrando do brilho de seu olhar, que iluminei o meu caminho.

Houve momentos que deixei uma emoção diferente invadir meu coração.
Mas as circunstancias da vida me fizeram entender, que nem sempre é possível trilhar por determinados caminhos.

Houve momentos de sorriso, lágrimas, de sentimentos confusos...
E em todos estes momentos busquei de alguma forma você.
Katia Tanaka

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Terreno do Coração



Existe lugar mais sagrado para se entrar do que o coração de alguém?
Quando buscamos entrar neste terreno, temos que tomar cuidado com a maneira que por ele iremos caminhar, ter a certeza de que este terreno já foi habitado outras vezes e por isso talvez encontraremos muitos vestígios.
Alguns deles, nos mostrarão as boas obras que foram construídas, com detalhes arquitetônicos surpreendentes, belos jardins e fabulosas paisagens quando olhadas pela janela.
Outros nos mostrarão ruínas, verdadeiras destruições que deixaram entulhos por um grande espaço deste terreno.
Encontraremos belas trilhas, enfeitadas por flores, árvores frondosas, assim como caminhos rochosos, repletos de obstáculos.
Todos estes vestígios nos contam a história deste terreno, marcadas por datas remotas e recentes, e por mais que tentemos, jamais iremos apagar, tudo que ali foi construído ou destruído.
E talvez aí resida nossa maior responsabilidade, respeito e cuidado ao entrar neste terreno tão sagrado.
Que tenhamos respeito pelas lindas obras que ali foram construídas, sem que tentemos destruí-las por receio de que nossa obra não seja tão bela, que os detalhes que irão compor não seja tão rico, por receio que a paisagem vista pela janela que construímos não seja tão bela. Que saibamos compreender que cada obra construída teve ou terá seu espaço e que jamais uma substituíra a outra.
Que tenhamos cuidado para que a obra que ali seja construída possa agregar à paisagem, possa transformar para melhor este terreno e não fazer parte das ruínas que certamente ali se faz presente, que possa permanecer como uma linda lembrança e não juntar-se às ruínas que ali se faz presente.
Que saibamos entrar neste terreno e fazer morada e se preciso for ir embora que deixemos belas obras, poucas ruínas e que da janela possamos deixar a melhor paisagem.
Que cada cantinho desta obra tenha gosto de saudade, sem se tornar melancolia, que ao retornarmos à janela, possamos trazer à tona, o ar leve da alegria e que pelos caminhos que circundem esta obra, possamos deixar sementes de lindas flores.
E se assim for, teremos a certeza de que fizemos o nosso melhor, que deixamos para trás belas obras, que mais construímos do que destruímos e certamente faremos feliz uma segunda vez, ao vislumbrar a bela paisagem que construímos na janela do coração de alguém.
Katia Tanaka

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Felicidade


A felicidade não chega por meio de uma receita pronta, por meio de padrões e das formas politicamente corretas. Afinal o que é correto?A felicidade nos chega, quando nos abrimos para o Universo, desabrochamos como seres únicos e percebemos que o milagre da vida está em viver.
Viver é mais dificil do que se imagina, não pq a vida é dura, mas pq a grande maioria das pessoas apenas existem.
E só realmente começa a viver aquele que escuta o sussurro de sua alma em meio a gritaria da multidão.

sábado, 3 de maio de 2008

As emoções são como Cavalos Selvagens


Ao ler esta frase no livro Brida de Paulo Coelho, fiquei refletindo sobre os vários momentos em que as emoções foram como cavalos selvagens em minha vida.
Foram momentos tão únicos, ricos com os mais profundos sentimentos e emoções, poderia até mesmo dizer que foram mágicos.
Como a própria frase diz, estas emoções são de certa forma avassaladoras, acabam por tomar conta de nossos sentidos, tentamos controlar, porém não conseguimos e parece que quanto mais esforço fazemos para conter, mais dominam nosso interior, provocando uma explosão de sentimentos, nos fazendo perceber o mundo de forma plena e intensa.
Nossa imaginação voa solta, imagens surgem, talvez denunciando nossos mais profundos desejos e por mais que tentemos fugir, não conseguimos, algo nos prende, nos faz permanecer ali, absorvidos por todos os intensos sentimentos que nos dominam.
Falar sobre estas emoções é falar sobre desejo, sobre entrega, sobre lançar-se sem medo, sobre permitir-se vivenciar o que há de mais profundo quando duas almas se encontram.
É falar também do brilhos nos olhos, do gosto inigualável de um beijo, do aconchego de um abraço.
É falar também do arrepio que sobe em nosso corpo, quando sentimos o toque, a sensação de bem estar, quando sentimos o cheiro, do frio na barriga, quando avistamos o olhar, da doce melodia quando ouvimos a voz.
É falar também sobre o desejo que surge e que parece queimar nosso interior.
É falar sobre como subimos ao céu e retornamos à terra, nos sentindo uno com o Universo.
Falar sobre estas emoções é falar do todo que envolve duas almas que certamente não se encontram por acaso.
E principalmente é ousar falar do que jamais poderia ser explicado por meio das palavras, pois estas emoções acabam ultrapassando qualquer entendimento, não é preciso entender, apenas sentir, não é preciso explicar, mas apenas nos entregar.
Deixando apenas que corram soltas nos levando à plenitude de nossas emoções, sensações, desejos e sentimentos, como num ato de entrega, de vivências inigualáveis e certamente únicas em nossas vidas.

Katia Tanaka

Olhe nos meu olhos




Olhe nos meus olhos
Não me diga nada
Pois neste momento, qualquer palavra se torna desnecessária.
Vamos nos guiar apenas pelo coração

Apenas, olhe nos meus olhos.
E deixe fluir a emoção mais profunda
Que habita seu coração
Alguns sentimentos ultrapassam razão.

Apenas olhe nos meus olhos
Sinta a emoção mais profunda
E o desejo mais profundo
Que vibra o meu coração.

Olhe nos meu olhos.
E permita que eu olhe nos seus
Vamos abandonar o medo
De escutar nosso coração.

Apenas, olhe em meus olhos
Não se preocupe em explicar
Nem tão pouco em entender
O que pulsa em nosso coração.

Olhe nos meus olhos
E apenas sinta
A emoção que sinto quando vejo você
Deixe flui também, a emoção que habita em você.

Olhe nos meus olhos
E me deixe olhar nos seus
Vamos ler o que há nas entrelinhas
E o que só pode ser dito pelo coração.

O que sentimos não precisa ser dito
Sentir ultrapassa qualquer entendimento.
E só pode ser compreendido
Pela sintonia do que vibra em nosso coração.


Katia Tanaka

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Chegadas e Partidas

A vida é assim repleta de chegadas e partidas.
As chegadas ou encontros são recheados de ansiedades, expectativas, devaneios.
As partidas ou desencontros, recheados de dor ou alívio.
Talvez estes extremos sejam como pontes que nos ligam a determinados mundos que constituem o mistério chamado vida.
A ponte da chegada nos liga na alegria, nos leva a jogar nossas sementes no terreno da ilusão, talvez porque toda chegada trás consigo a expectativa; por mais que tentamos cravar nossos pés na realidade, a expectativa nos tira o chão, devaneamos imersos a tudo que esperamos; logo as chegadas vêm carregadas de sonhos e ilusões.
Se nos permitimos nos lançar, sentiremos toda a magia que esta ponte nos proporciona, a leveza, a alegria, o abrir nosso mundo para que o outro conheça e conhecer um pouco o mundo do outro e esta troca aparentemente óbvia, trás em si o sentido do encontro, e como li certa vez, certamente duas almas não se encontram por acaso.
Talvez muitos não percebam a comunhão existente no encontro, entretanto, talvez alguns jamais compreenderão a preciosa oportunidade que nos é dada nas chegadas, a de compartilhar a vida.
Talvez estas chegadas, encontros, sejam bênçãos de Deus para nos mostrar as mais variadas facetas deste mistério chamado vida. Estas bênçãos se revelam naquilo que compartilhamos um com o outro, se pararmos para pensar, as experiências, as mais variadas facetas da vida, são imensas para que cada um de nós possa viver, sentir todas elas e talvez aí reside a magia do encontro, nesta troca e porque não dizer o compartilhar de mundos, que de outra forma jamais conheceríamos.
Este mundo é a história de nossa vida, cada um de nós a cada momento escreve, direciona esta história e isso que nos torna únicos no Universo.
As partidas, assim como as chegadas são pontes que nos ligam a um outro mundo.
Partimos, mas a magia reside no fato de que não partimos sozinhos, levamos um pouco do mundo do outro, pois conhecemos sua história, compartilhamos seus medos e anseios, conhecemos alguns de seus sonhos e desilusões. Da mesma forma deixamos um pouco de nós, pois permitimos que o outro também fizesse parte de nosso mundo, conhecesse nossa história, nossos sonhos, medos e anseios.
Cada partida desperta sentimentos, em alguns momentos dor e angustia, pois gostaríamos de permanecer mais um pouco na vida do outro, em outros o alivio, pois já não fazia sentido permanecer naquele mundo, em outros talvez a dúvida entre ficar e partir, mas uma coisa é certa, a magia que acompanha estes momentos, sempre estará presente. São partidas necessárias para novas chegadas e desta forma, vamos ampliando nossa percepção do mundo, crescemos, amadurecemos, aprendemos, em cada chegada e a cada partida.
Os momentos de partida sinalizam que nossa missão e/ou a do outro foi cumprida. Vivemos o que tínhamos que viver, compartilhamos o que tínhamos que compartilhar, conhecemos o mundo do outro, assim como o outro conheceu o nosso.
E quando esta missão se cumpre, é chegado o momento de partir.
Talvez a dor e a angústia resida no descompasso desta vivencia, quando ainda não sentimos que o outro tenha cumprido sua missão e não queremos partir, queremos compartilhar mais de nossa vida, queremos absorver um pouco mais do mundo do outro e talvez ainda estejamos entregue.
Talvez seria mais fácil compreender partida, refletindo que a magia do encontro reside no sentido existente de estar com o outro, na entrega, na sintonia e quando este sentido se perde para um, querer forçar permanecer pode ser danoso, pois a magia de cada encontro reside na liberdade e somente desta forma, podemos compartilhar de fato o estar com o outro.

Katia Tanaka





quinta-feira, 1 de maio de 2008

A importância do outro em nossa vida


“E de nada adianta compreender o Universo inteiro quando se está só” (Paulo Coelho)

A cada dia me convenço de que nada, absolutamente nada na vida acontece por acaso. Tudo tem uma ligação, uma razão que talvez jamais iremos compreender, mas uma coisa é certa, tudo acontece no momento certo.
A leitura do livro Brida de Paulo Coelho, chegou em minhas mãos no momento certo, muitos foram os despertares, mas irei, no momento, focar apenas um: O Amor.
A frase acima despertou em mim, a face mais fria e doída da solidão (talvez por isso escrevi primeiro sobre ela). Acredito que jamais tinha sentido o gosto tão amargo da solidão como hoje e este talvez seja um dia muito importante, talvez um marco: a morte e o renascimento.
Falei uma frase para um amigo que me fez refletir, “de que me valeram todas as conquistas e vitórias que tive em minha vida se não tive com quem compartilhar”.
Essa frase de certa forma me chocou. Talvez este choque tenha ocorrido porque ao lembrar de momentos tão importantes em minha vida, embora cercada pelos meus e por amigos do coração, no fundo, sentia muita falta de um companheiro e porque não dizer de um amor, para compartilhar minha alegria, para estar entre as pessoas queridas celebrando minhas vitórias.
Assim como senti muita falta deste companheiro nos momentos de tristeza, angustias e decepções. Olhava ao meu redor e pensava “como seria bom ter um colo para me aconchegar, repousar um pouco e refazer minhas forças”.
Hoje percebo que a solidão já tinha mostrado sua face mais fria e cruel, mas meu medo de me entregar ao amor, era mais forte.
Paro alguns instantes para refletir como eu sentia, esperava, buscava e idealizava um amor. Lembro que sempre tinha uma pitada de contos de fadas, tudo tão perfeito com direito a um coral dizendo “E foram felizes para sempre”.
Talvez por isso minha busca tenha sido tão frustrante, buscava algo que não condiz com a realidade, procurava por príncipes e não por um ser humano com qualidades e defeitos, imaginava uma relação a dois “encantada” e não real, e talvez por isso tenha por muito tempo me comportado como princesa.
No decorrer da fase de solidão, morri como princesa para nascer como mulher, repleta de qualidades e defeitos e buscando não mais um príncipe encantado e sim hum homem, não mais o amor encantado e uma história que encerrasse com o coral “E foram felizes para sempre”, e sim um amor cultivado, uma relação que passasse por todas as estações, que morra e renasça mais forte, não busco mais apenas um grande amor e sim aquele que além de me amar, possa de fato estar comigo, possa ser companheiro, não porque gostamos das mesmas coisas e sim porque aprendemos a compartilhar uma parte de nosso mundo, um com o outro e desta forma crescer juntos.
Hoje vejo que o amor que um dia busquei e o motivo porque tanto sofri, na realidade não era amor e sim carência, não era cultivado e sim aprisionado, não era compartilhado e sim retido. Este sentimento que imaginava ser amor, não o era por completo e sim muito mais uma busca de uma parte do meu eu. Claro que tive em minha vida pessoas muito especiais, mas hoje sei que faltava o principal, o amor por mim.
Hoje, estou aprendendo a cada dia me amar mais, pois compreendi que todo amor deve ser cultivado, da mesma forma que compreendi que o amor reside na liberdade de permanecer e partir, não se apresenta de uma única forma, como se fosse um padrão e sim que por ser tão único é tão profundo e tão especial.
Muitos abandonaram o amor por não ser como eles próprios moldaram, outros permitem que o amor apenas seja e se extasiam com sua profundidade e beleza.
Por isso hoje busco a liberdade do amor que assim tão livre pode entrar, fazer morada em meu coração, ser e fazer feliz e quando mais nada restar, partir.
Falar sobre o amor como liberdade, pode parecer ilusório, impossível, idealizado, mágico, pode até parecer conter uma pitada de conto de fadas, talvez porque o amor trás em si, sentimentos muito variados, mas quando compreendemos que o amor só vale a pena ser vivido quando existe um verdadeiro encontro entre duas almas, uma verdadeira troca, um compartilhar, percebemos que de nada adianta tentar segurar o outro em nossa vida, mas isso é assunto para um próximo texto......

Katia Tanaka




Solidão


Talvez a solidão seja uma das formas de estar mais difíceis, talvez por isso seja tão temida, tão evitada. Caminhar pela solidão é como estar em meio ao inverno, talvez melhor representada como um rigoroso inverno. Sabe aquele dia que acordamos e ao sairmos de casa, o sol está coberto pelas nuvens, aquele vento frio passa pelo nosso corpo, a garoa fina parece aumentar ainda mais o frio que nos cerca, por mais roupas que usamos, parecemos não nos aquecer, como alguns dizem, sentimos aquele frio doído. Mergulhar na solidão talvez seja mais um ato de coragem do que uma escolha, creio que ninguém escolheria a solidão como forma de estar no mundo, pois seria como renunciar ao calor que somente o amor nos proporciona. No inicio, quando decidi sentir a solidão, achei que fosse apenas uma escolha, hoje sei que além disso, foi um ato de coragem. Vivenciar o frio, a dor da solidão, requer abrir mão do calor, do bálsamo do amor, da paixão, do contato e até mesmo da ilusão. É trilhar por um caminho tortuoso, difícil, angustiante e até mesmo enlouquecedor, é lançar-se na escuridão e sentir nossa alma dilacerada, é aceitar vivenciar uma profunda dor. Ousei vivenciar a solidão, não como um eremita, não me isolei do mundo, não me tranquei por completo, ao contrário, me abri para o mundo e me fechei para o amor. Não falo da solidão como fuga do mundo, de todas as pessoas, falo da solidão mais temida, o estar só, sem ninguém para compartilhar sonhos, sentimentos, amor, ilusões. Vivenciar a solidão me fez chorar muitas noites, me fez sentir o gosto amargo de estar só, me fez abrir mão de fazer planos, de sonhar, de sentir a alegria da paixão, o encantamento que toma conta dos enamorados em todo começo de relação, me fez abrir mão da ilusão. Com isso pude descobrir muito de mim mesma. Pude mergulhar em mim mesma, descobrindo meus mais sublimes sonhos, sentindo toda magia da vida exalando por meus poros. Pude encontrar meu lado mais frágil, mais vulnerável. Pude me descobrir como menina, adolescente e mulher. Pude me redescobrir e vivenciar as mais belas emoções de um momento apenas meu. Pude ouvir o meu interior, despertar meu lado intuitivo e com isso me permitir ouvir a voz do meu coração. Pude me despertar pela Fé, lançar-me à Deus com toda intensidade, sentir o seu poder invadir minha vida. Pude sentir o sol brilhar em meu interior me aquecendo do pior frio da solidão, aquele sentido quando abandonamos a nós mesmos. Porém, mesmo descobrindo tanto sobre mim, pude compreender a importância do outro em minha vida, a esta altura minha alma já dilacerada, ansiava por repousar no terno sentimento do amor. Renascer das cinzas da solidão me mostrou um caminho mais florido e com os mais diversos pedregulhos, buracos, obstáculos, trilhas mais fáceis de caminhar e aqueles que exigiam maiores esforços. Percebi o quanto olhava para o mundo de forma diferente, com o encanto de uma criança, vislumbrada como se tudo estivessem olhando pela primeira vez, com a força, leveza e entusiasmo de uma adolescente como alguém que pode conquistar o mundo, mas com a firmeza, segurança e prudência de uma mulher que aprendeu que o encanto e demasia é ilusão, assim como a coragem em demasia é imprudente, da mesma forma que compreende que a prudência em demasia é paralisante. E com isso, passei a compreender o sentido do equilíbrio. Ter mergulhado nas águas profundas e gélidas da solidão, me possibilitou um grande crescimento, um nova forma de olhar e sentir o mundo, uma nova forma de experienciar as mais diversas formas de sentir a vida e escutar a voz do meu coração. Hoje me sinto mais completa e ao mesmo tempo vazia, uma parte deste vazio se chama amor pelo outro, a busca por aquele que posso chamar de companheiro. A outra parte deste vazio se chama vida, essa força propulsora de nossa busca de sentido que nos impulsiona ao crescimento que nos mostra que não devemos parar, mas seguir sempre em frente. Para finalizar, creio que uma das mais valiosas lições que tirei entre tantas ao mergulhar na solidão é que sempre existirá um vazio, que jamais poderá ser preenchido, seja por nós ou pelos outros, é um vazio que nos sinaliza, nos direciona rumo aos nossos sonhos e anseios, é um sinal de alerta, quando paralisamos, quando vamos contra ao apelo de nossa alma. E ao ouvi-la, nos sentimos preenchidos para logo nos esvaziar, pois talvez o maior anseio de nossa alma, seja que permitamos nos lançar neste maravilhoso mistério chamado VIDA.

Katia Tanaka