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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Mande notícias do lado de lá, diz quem fica

O titulo deste post retirei da música "Encontros e Despedidas", composta por Milton Nascimento e Fernando Brant.
A leitura que fiz desta música, desde a primeira vez que a ouvi, se refere a vida, no que se refere a religiosidade que sigo, espírita.
Talvez, porque minha amada mãe sempre dizia que não acreditava em vida após a morte, pois ninguém que ela conhecia, havia voltado para contar como que era.
Mas o objetivo deste post de hoje, não é discutir crença, mas sim, independente da crença, falar da saudade que fica diante da partida de nosso entes queridos, falarmos sobre a vida.
Meu pai faleceu há quase 4 anos e minha mãe há quase dois anos.
Como é difícil esta perda...
É uma sensação de vazio que a princípio pensamos que nada será capaz de preencher, mas o tempo, ao menos para mim, me mostrou que sim é possível preencher este vazio, mas jamais sanar a falta que ambos fazem em minha vida.
E como fui, dia após dia, preenchendo este vazio?
Com tudo o que eles me passaram de valores no decorrer de suas vidas, enxergando em mim o quanto sou um pouquinho de um, um pouquinho do outro e o que estou me tornando a cada dia, pois existe minha caminhada por esta vida, o esforço que faço pela minha própria evolução.
Fui preenchendo com saudade de gostos, cheiros, boas lembranças, afinal, as ruins deixam de ser tão ruins assim.
Aos poucos, substitui o saudosismo doído, pela saudade como um amor que fica e que nada e nem ninguém será capaz de substituir.
Fui preenchendo as saudades com as músicas que gostávamos de ouvir, com as comidas preferidas que preparávamos em casa, claro que nem tudo fica igual, porque falta aquele toque que só eles sabiam dar....
Dia após dia, fui percebendo que cada um dos conselhos que recebi e que muitas vezes não dei ouvidos, se tornaram muito importantes e porque não deixar transbordar um pouquinho de arrependimento de não tê-los seguidos.
A saudade se transformou em amor, um amor diferente, aquele que ultrapassa as barreiras físicas, a necessidade do físico para abraçar, beijar, conversar e estar com eles. Faço de cada momento em que sinto falta do colo e dos conselhos um momento de oração.
Claro que existem momentos, pequenos detalhes que vivenciei ao lado deles que sinto falta de verdade, aquela falta física mesmo, mas nestes momentos, fecho os olhos e imagino o que eles diriam para mim, pasmém, meus pais foram muito mais meus amigos do que eu compreendi durante minha vida ao lado deles.
Não carrego pesos, mágoas, lamentações, não me pergunto "e se eu tivesse feito...", não... preferi seguir pelo caminho de que eles foram o melhor que eles puderam ser e eu também, afinal o passado não volta e hoje só tenho a agradecer por tudo que eles me ensinaram, pois os valores que me passaram ninguém pode tirar de mim, sou imensamente grata e tenho dentro de mim que eles cumpriram a missão que vieram realizar comigo.
E por que a associação da minha história com a música, pois assim vejo a vida, são chegadas e partidas a todo instante, jamais saberemos quando iremos partir ou quando aqueles que amamos irão partir.
A vida é isso a todo momento e o que estamos deixando de bom para aqueles que amamos?
Em meio a toda correria, loucura do dia a dia, entretenimentos mil, como estamos vivendo os nossos dias ao lado das pessoas que amamos?
Vivemos ou existimos?
Conseguimos estar com o outro de fato ou estamos ocupados demais com as redes sociais?
Temos tempo para nossos filhos ou vivemos sempre muito ocupados?
O que estamos acumulando, bens ou momentos?
Estamos dedicando tempo para nossa evolução enquanto seres humanos ou estamos apenas passando por esta existência?
Como estamos percorrendo esta viagem chamada vida, que passa tão rápido?
Poderia listar inúmeros questionamentos, mas creio que cada um, mesmo que lá no fundo sabe o que é importante e está simplesmente deixando passar.
E a vida passa tão rápido....
Como você está fazendo esta viagem?
O que está carregando na bagagem, será que não é hora de parar e ver que talvez esteja carregando pesos mortos que só estão tirando sua alegria de viver?
O que pretende deixar para os seus que o tempo jamais será capaz de apagar?
Como pretende chegar ao fim de sua viagem, repleto de lacunas do que se deixou de viver ou pleno por ter realmente vivido e não apenas existido em cada um dos anos que Deus lhe concedeu aqui na Terra.
Pense nisso!



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