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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O vazio

Você já se sentiu em meio a um vazio absoluto?
Aquele que te deixa literalmente fora do mundo, recluso em algum lugar dentro de você, que nem você sabe onde fica?
É um estado tão profundo e tão intenso, é como se o mundo inteiro ganhasse um sentido ao mesmo tempo em que tudo perde o sentido.
Talvez a linha tênue?
Não sei.
Estar submersa no vazio te deixa marca profundas ao mesmo tempo que afeta a todos que estão ao seu lado e você só percebe isso quando te tiram de dentro deste vazio.
Posso dizer que este mergulho tão fundo não é a melhor jornada que uma alma pode fazer, talvez seja arriscado demais se perder no meio dele, mas pode ter um lado benéfico... ainda não sei...
Talvez seja ir para o olho do furacão, quando tudo em volta parece um caos, o perigo é ficar ali mesmo quando o furacão já passou e você precisa fazer alguma coisa com os destroços.
A esperança habita nos anjos que Deus coloca em nossas vidas, que mesmo em meio a dor que causamos por mergulharmos tão fundo neste vazio, nos puxam de lá, não apenas pela dor, mas principalmente pelo amor.
Acho que em nenhum momento da vida, fui tão fundo neste vazio, nunca havia mergulhado tão fundo no nada e nem havia me dado conta.
Nem as maiores dores que vivi em minha vida me levaram para lá.
Nem meus maiores momentos de angústia, choro e desespero, me levaram para lá.
Nem o ápice da Depressão me arrastou tão fundo para o vazio.
Estranho... e ao mesmo tempo tão profundo.
Ainda não sei dizer o que mergulhar no vazio me trouxe, me sinto na borda, como alguém que por muito tempo prendeu o ar embaixo d'água, surge à superfície e recupera o fôlego.
Acho que é isso, talvez esteja no momento de respirar... talvez a vida... não sei... mas um respirar aliviado, um respirar profundamente, talvez um tanto feliz por começar a sentir a vida pulsar.
Mas pulsar devagar, descobri que mergulhar no vazio também cansa, desgasta um tanto nossa energia vital.
É... talvez esteja me recuperando desta viagem, porque não dizer, um tanto insana.
Como voltarei, bom ainda não sei.
Como se reconstrói a vida depois de um tornado?
Aos poucos quem sabe.
Um passo de cada vez, sem pressa... talvez.
Me sinto caminhando lentamente, respirando lentamente, não querendo entrar com tudo nesta loucura que é viver.
Não... hoje quero pequenos passos leves.
Sentir a brisa tocar em meu rosto, me sentir aos poucos...
É... mergulhar no vazio, nos deixa um tanto anestesiados... meio dormentes sabe....
E não adianta querer apressar o passo....
Os pensamentos, o corpo, tudo precisa entrar no ritmo devagar... ou quem sabe o devagar seja o novo ritmo... não sei.
Apenas sei que mergulhei fundo demais... não sei dizer se algo encontrei... talvez não, talvez sim... até no vazio estamos plenos de que podemos dizer... aparentemente nada.
Enquanto a vida nos pede pressa, o vazio te joga no nada.
Enquanto a vida te cobra, o vazio te absorve.
Enquanto a vida te faz abrir os horizontes para o mundo, o vazio te fecha.
Enquanto a vida te dá um sentido, o vazio te esgota.
Enquanto a vida te dá caminhos, o vazio te deixa à margem.
Enquanto a vida te faz pensar, o vazio te submerge no silêncio.
Enquanto a vida te obriga a ser forte, o vazio te mostra sua maior fragilidade.
Enquanto a vida te mostra a luz, o vazio te faz mergulhar na neblina ou quem sabe em suas próprias trevas?.
Enquanto a vida faz com que muitas vezes você fuja de você, o vazio, de alguma forma esfrega seu eu por inteiro na cara.
Enquanto a vida faz com que você siga em frente, o vazio te paralisa.
Enquanto a vida te faz ir em busca de tudo, o vazio te faz perceber o valor do nada.
Enquanto a vida faz com que sinta muitas vezes a vida, o tempo escorrer pelas mãos, o vazio te dá a sensação da eternidade.
Vida e vazio, talvez possa pensar nesta dualidade como algo que nos transforma profundamente e que talvez as palavras jamais serão capazes de expressar em sua totalidade a intensidade de mergulhar em ambos os sentidos.

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