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domingo, 3 de outubro de 2010

Viver a vida.





Anseamos tanto por viver a vida sem nos darmos conta que a vida flui a cada segundo.
Passamos o tempo planejando e investindo no viver bem, mas o que de fato fazemos com a nossa vida?
Ansiamos por viver e de repente nos damos conta que disperdiçamos a vida, que deixamos o tempo escapar por nossos dedos, enquanto planejamos, sonhamos, idealizamos a vida que julgamos ser ideal.
E o tempo passa.
O tempo não para até que conseguimos criar um projeto de vida, enquanto planejamos a viagem imaginamos que nos fará feliz, enquanto arrumamos aquela pessoa que imaginamos que irá preencher o nosso eu e encher nossa vida de felicidade.
O tempo passa enquanto decidimos o que vamos fazer de nossa vida profissional, enquanto escolhemos o curso que iremos cursar, enquanto decidimos emagracer, engordar, parar de fumar...
Na ansia de buscar viver a vida, acabamos por ver a vida passar e corremos o risco de vê-la passar numa verdadeira inércia.
E quando nos damos conta, acabou o dia, passou o mês, chegamos ao final de mais um ano, deixamos de ser adolescentes e nos tornamos adultos, envelhecemos.
E ao nos darmos conta disso, corremos o risco de ficarmos com a terrivel sensação de termos disperdiçado o tempo, a vida, os maravilhosos momentos do instante presente.
Enquanto ansiamos por viver, passamos a vida planejando, desperdiçando o instante presente, sonhando um futuro que pode não chegar, ou debruçamos no passando, perdido em lembranças, em saudades de algo que foi e não voltará, passou, assim como o tempo passa.
Se abrirmos os olhos da alma e lançarmos um novo olhar para a vida, para o momento que estamos vivendo, onde estamos? Como estamos nos sentindo? O que nos motiva a mudar? O que nos faz falta? e o principal, o que já temos?
Talvez consigamos encontrar o sentido, a raão, calar um pouco a ansia de viver, pois sentiremos a vida em toda a sua essencia.
Talvez consigamos nos sentir, sentir nosso corpo, nossos sentimentos, talvez consigamos ver tudo a nossa volta, como um leve e intenso despertar.
Talvez a gente se espante com o que vamos nos deparar, talvez não.
Talvez vamos querer correr atras do tempo perdido e então teremos que enfrentar a dura realidade, não dá, passou, não há como recuperar o tempo , pois se tentarmos agir assim, mais uma vez  desperdiçaremos o  tempo que temos, mais uma vez desperdiçaremos a vida.
Talvez iremos nos revoltar e nos perguntar, como não compreendemos isso antes, algo tão obvio que sempre esteve à nossa frente. Momento de reflexão importante que certamente nos fará crescer, e o que temos a fazer é  nos conscientizar rapidamente que chorar pelo leite derramado só nos trás uma vida de lamentações.
Talvez esta reflexão nos dê um momento de paz, por conseguirmos perceber que tudo que fizemos foi o melhor e que podemos mudar tudo o que queremos a partir deste instante.
Talvez doa demais encarar a vida e decidimos que o melhor é fechar os olhos.
Entretanto, talvez um novo brilho surja diante de nossos olhos e uma nova alegria brote em nosso coração e então olharemos a vida com a curiosidade de uma criança que vê o mundo pela primeira vez e então nos sentiremos leves, livres, em equilibro perfeito entre a ânsia, a angustia e a tranquilidade de que se pode seguir adiante dando um passo de cada vez.
Viver está sempre nos mais simples detalhes, em cada batida do coração, em cada momento que respiramos, está em cada lugar que lançamos nosso olhar.
Viver está em tomarmos consciência de cada um de nossos atos, no gosto do que levamos a boca, no cheiro que sentimos no ar, na percepção do que nossas mãos tocam, naquilo que nossos olhos captam, na sensação do que envolve nosso corpo.
E então compreenderemos que embora a vida também repouse nos planos que fazemos,  não podemos esperar a concretização deles para que possamos nos sentir vivos e viver tudo que se tem para viver, alegrias, tristezas, felicidades, dores, angustias, amores, aventuras e inércia.
Somente assim, estaremos vivendo a vida.

(Kátia Tanaka)


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