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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Perdas do mundo moderno.



Há um tempo atrás, ao sair para balada fiquei observando o “movimento”.
Lembrei de quando comecei a sair, tinha uns 14 anos, ia para uma baladinha domingueira perto de casa.
Naquela época, num determinado momento da balada, rolava uma musiquinha lenta, o momento tão esperado para dançar com aquele gatinho que estávamos ali de olho, dançávamos, conversávamos, rostinho colado, era tão bom.
Batíamos o maior papo e então rolava o também tão esperado beijo.
Era uma fase em que as pessoas se paqueravam!
Existia aquele lance de ficar olhando, fazendo charme, um aproximar-se para conversar e depois então ficar.
Os tempos mudaram, e mudaram muito.
Fiquei observando a balada e percebi o quanto hoje em dia tudo está tão diferente, superficial e direcionado mais pela quantidade do que qualquer outra coisa.
Parece que a lei de agora é: “Catem o máximo de pessoas que você puder”.
Porque já não é mais ficar e sim catar.
Simplesmente o cara passa, olha para a menina, beija, saí fora e cata outra.
Fiquei pensando no quanto isso é vazio e superficial.
Parece que as pessoas perderam a parte mais gostosa do ficar, a paquera, a sedução, o envolver-se de alguma forma.
Ficar ali, paquerando, depois da aproximação batendo um papinho gostoso, para depois ficar.
Agora fico me perguntando, que graça tem ir para a balada beijar um monte de carinha só para falar que beijos “n” caras e no final das contas nem saber o nome.
Beijar por beijar.
Catar por catar.
Pois nestas condições nem ficar é.
Pois nem deu tempo de ficar, nem deu tempo de se curtir um pouco, mesmo que seja só naquela noite, nem deu tempo de sentir direito a “pegada”, a química, nem deu tempo de saber se a pessoa é bacana, se tem um papo legal, se valeria a pena ou não investir.
Os tempos mudaram.
E esta mudança certamente trouxe mais perdas do que ganhos.
Perdas, porque as pessoas tornaram-se superficiais, perderam até mesmo o gosto pela paquera, pelo jogo da sedução, tudo passou a acontecer muito rápido.
E me pergunto, onde ficam os sentimentos?
Não apenas os sentimentos que podemos nutrir pelo outro, mas os sentimentos que fervilham dentro de nós.
Fico imaginando o quanto essa atitude é vazia, sair para a balada, beijar vários caras e não conseguir ficar com nenhum, em outros momentos estender para um motel, rolar um sexo e no dia seguinte agir como se nada tivesse acontecido.
Será que conseguimos de fato fingir que nada aconteceu?
Ou será que além da ressaca pelo abuso de álcool, também ficamos com ressaca moral.
Será que em nenhum momento paramos para pensar no que estamos construindo e o que queremos para nossa vida.
Aliado a todo este vazio visível que as atitudes de hoje na balada demonstra, percebe-se o aumento de ingestão de bebidas pelos nossos jovens, mas isso é tema para um outro texto, mas, penso que talvez seja apenas um dos sintomas deste mundo atual vazio, onde perderam-se os valores essenciais, não apenas pelo outro, mas principalmente por nós mesmo.
(Katia Tanaka)











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