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domingo, 23 de março de 2008

Menina e Mulher


Ao contemplar esta imagem que retirei da internet, refleti sobre "ser menina", "ser mulher".
Hoje eu vejo que ser mulher também significa dar voz à criança que existe em nós.
Vocês já pararam para de fato observar uma criança?
A criança é espontânea em suas atitudes, caminha com tamanha leveza, se encanta com as coisas simples da vida, se divertem o tempo todo e tudo, exatamente tudo chama a atenção da crianças que parecem não temer o desconhecido e sim perceber a vida com tamanha curiosidade como se a todo instante pudessem vislumbrar o novo com imenso contentamento.
Trazem em si a doçura de um sorriso, a alegria contagiante logo no primeiro contato e nos ensinam uma grande lição quando caem e se machucam, choram, gritam, expressam sua dor e logo depois estão ali brincando novamente, esboçando em seu semblante a mais pura alegria.
As crianças são sinceras, expressam seus sentimentos, reivindicam quando se sentem lesadas, argumentam, persistem, ousam, são criativas, encaram a vida sempre com um ar de descoberta.
As crianças se aproximam uma das outras, interagem, fazem amizades facilmente, se entregam para uma situação e as vivenciam plenamente.
E, poderia escrever muito sobre como observo e contemplo as crianças hoje.
Claro que não estou defendendo que nós mulheres devemos ser inconseqüentes, afinal, crescemos, amadurecemos, hoje temos inúmeras responsabilidades, mas compreendo que crescer não significa se fechar no mundo adulto e esquecer que os maiores prazeres da vida são sentidos quando vividos espontaneamente.
Quando abordo algumas atitudes das crianças, falo de atitudes que muitas vezes nos falta como “mulheres adultas que somos”.
Por que perdermos a espontaneidade de nossas atitudes?
Por que parecemos a todo momento, carregar nos ombros o fardo pesado de nossas responsabilidades e não nos permitimos muitas vezes nem por um momento caminhar com leveza?
Por que deixamos de nos encantar em muitos momentos com as coisas simples da vida?
Por que deixamos de nos divertir, de gargalhar, de brincar, sim brincar, pois quando crescemos parece que brincar pertence apenas a um mundo restrito das crianças, afinal, aprendemos que, “já somos bem grandinhos, para determinadas coisas”, será?
Por que ficamos sempre tão imersos ao nosso mundo que nem se quer observamos o trajeto que fazemos todos os dias? Parece que entramos no piloto automático, caindo numa verdadeira rotina, nos fechando para vislumbrar o mundo com outros olhos, todos os dias, pois nada, exatamente nada permanece estático.
Por que abafamos a gargalhada espontânea? Parece que aprendemos a dar risinhos abafados, pois as gargalhadas, aquelas gargalhadas que soam no ouvidos de todos, parecem ter ficado no mundo das crianças.
Por que nos defendemos tanto, como se o outro nos representasse uma ameaça?
Por que quando caímos nos fechamos e somos consumidas por um medo tão grande que não percebemos que ao nos protegermos das situações, como por exemplo do amor, não conseguimos vive-lo, pois quando nos armamos, não permitimos que o outro de fato se aproxime.
Por que mentimos sobre nossos sentimentos, desejos, vontades, muitas vezes por puro medo de sermos mal compreendidas, por medo de nos machucar? Claro que compreendo também que saber usar as palavras se torna essencial.
Eu poderia fazer “n” comparações, mas me detenho por aqui.
O que é de fato ser mulher?
Será que existe um padrão?
Creio que não, pois cada uma de nós, somos únicas, cada uma de nós carrega dentro de si a essência mais maravilhosa do que é ser mulher, mas muito mais do ser mulher, devemos nos sentir mulher, vivenciar a mulher linda que existe em nós, a cada momento de nossa vida, sem padrões, sem exigências, sem receios, sem medos, apenas nos permitindo, nos autorizando a exalar o que de mais feminino que existe em nós, e que está muito longe de todos os acessórios existentes atualmente que configuram muitas vezes o retrato da mulher.
Descubra-se, sinta-se, admire-se, deixe-se desabrochar, permita-se deixar fluir a mulher pulsa dentro de você....
(Katia Tanaka)

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