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quinta-feira, 20 de março de 2008

Não é a perfeição mas a totalidade o que se espera de você (Jung, 1973)

Ao iniciar este texto, quero deixar claro que não pretendo fazer uma reflexão sobre a teoria de Jung, mas sim uma reflexão sobre o impacto desta frase em minha existência.
Perfeição!
Durante muitos anos de minha existência busquei a perfeição e como é alto o preço que se paga nesta busca, como é grande o desgaste mental, emcional e porque também não dizer físico, quando temos como foco, a busca da perfeição.
Claro que o sentido da "perfeição" para cada um é único e para mim, significava "não poder falhar". Hoje vejo que talvez não buscasse somente a perfeição, mas estava "cega pela onipotência".
Quando li esta frase, mergulhei em um processo de refletir, contemplar, meditar, saborear esta frase, como quem está sedento de um sentido de ser.
E então me senti despertar!!!! ou será que estou despertando!!. Sim! Estou despertando....
Compreendi que enquanto buscava a perfeição podava minha liberdade de ser e existir, tentava a todo custo me moldar de uma forma que hoje sei, apenas me limitava, parecia não compreender que "ser perfeito" ou melhor "querer ser perfeito" era apenas uma das inúmeras possibilidades de ser e não a única e que o sentido de perfeição apreendido por mim, era muito mais um castrador do que um estilo, do que um forma de ser.
Enquanto escrevo, me vejo envolta a refletir sobre como contemplo a perfeição hoje, mas guardo esta reflexão para um outro momento, pois contemplar talvez seja muito mais que tentar encontrar alguma explicação ou definir algum conceito, talvez contemplar seja um sentir.
Continuando, ao me deparar com esta frase compreendi que a totalidade significava para mim, ao menos neste momento, olhar-me por inteira, seria como contemplar todas as áreas de minha vida, buscando quem sabe apreender o sentido de minha existência hoje, compreendendo que inúmeras são e serão minhas falhas, imaturidades, mudanças e crescimento. E despir-me para mim mesma parece ser um processo complexo. Talvez seja como abrir um baú, com muitas relíquias ali guardadas.
Contemplar o sentido da totalidade, seria como simplesmente autorizar-me a ser quem sou.... Mas contemplar-me desta forma também é um processo, uma vez que não permaneço estática e sim sempre em processo de mudança.
Cada descoberta, uma mudança, a cada nova mudança, uma contemplação e a cada contemplação uma nova apreensão de um ou quem sabe vários sentidos.
Compreendo que contemplar a totalidade e refletir sobre ela, não é como definir um conceito, mas sim um meditar sobre as inúmeras formas de ser, que a cada momento se transformam.
Talvez esta busca seja como caminhar por uma estrada, em alguns momentos, repleta de flores, lindas paisagens, em outros, esta estrada está repleta de obstáculos, grandes buracos, parecendo até mesmo estar em péssimas condições de por ai transitar... talvez contemplaremos longos dias de sol e noites estreladas e iluminadas pela lua, talvez num outro momento contemplaremos longos dias de chuva, tempestades, rajadas de vento e apenas os raios iluminarão nossa noite....
E cada caminho é tão único, cada segundo da paisagem é tão único, que talvez o foco principal nem seja chegar ao destino e sim apreender cada momento do trajeto.
E desta forma, quem sabe, compreender que a totalidade não seja o fim e sim o meio pela qual apreendemos o sentido de nossa forma de ser-no-mundo.....
(Katia Tanaka)

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