Ando cansada da hipocrisia do mundo
E também com a minha
própria hipocrisia.
Afinal faço parte deste mundo e não sou melhor nem pior
Do que todos que aqui vivem
Apenas tento desesperadamente ser Eu mesma.
E quem sou eu?
Vejo tudo ao meu redor
Vejo as pessoas e seu
jeitos
E as vezes me vejo tentando me adequar as regras do mundo
Mas quem fez essas regras?
E quem disse que são regras?
Se não existe receita para a felicidade,
Porque as pessoas criam regras, modelos, padrões para se viver?
E se você não se enquadra neles, pronto, fica no alvo
Da critica, da pressão, do isolamento, da indiferença.
E o que mais me impressiona é que ninguém segue a perfeição
E na hora de apontar o diacho do dedo, o julgamento é padrão.
É baseado em falsos valores, em falsas posturas, em pontos de vistas falsos
Que essas pessoas não usam para suas próprias vidas
Mas adoram comparar com a vida dos outros.
Apontam o dedo, afiam a língua, não medem suas atitudes
E assim,
intertem as pessoas para que não vejam as falhas de sua própria vida.
Usam mascaras para esconder a falsidade de sua face
Cantam melodias para disfarçar a podridão de sua fala
Fingem uma postura que não tem
E assim caminham, seguem suas vidas
Se escondendo atrás das imagens que derrubam pelo chão.
Ando cansada de me esforçar e sorrir
De colocar a mascara do "nem ligo" para o que o mundo acha
Quando desejo apenas que me deixem ser quem sou
Que esqueçam que minha vida existe
E que façam o favor de cuidar da própria vida
Afinal cuidar de uma vida só já da trabalho
Cuidar de duas, três, quatro, dá trabalho demais
Ando cansada de olhar em volta
E me enxergar só
Mesmo sabendo que sou só
Em todos os instantes e em todas as minhas escolhas
Mas ando cansada, de não poder me escorar
Num velho peito cansado e também repousar.
Ando cansada da tristeza que por vezes ronda minha face
Ronda minha vida, ronda minhas histórias, ronda meus sonhos
Descolorindo sonhos, dando um tom melancólico ao som de meu riso
Me forçando a prosseguir mesmo em meio à solidão.
Ando cansada do peso inútil dos sonhos despedaçados
Da saudade do que não foi
Do desespero das escolhas erradas
Da lágrima que insiste em cair,
Quando já não devia nem mais existir
Ando cansada de estar cansada,
Do andar curvada
Olhos pousados ao chão
Passos lentos, cansados
Ombros pesados
Indiferença, me seguindo como um tom
Como a melodia triste que invade minha vida
E que envolve sem dó nem piedade minha Alma
Ando cansada de sentir saudade
Da minha alegria
Do meus riso
Da minha leveza de caminhar pela vida
Dos sonhos lindos que sonhei em vão, mas não liguei
Do amor sorrindo, da paixão me consumindo
Do brilho nos olhos
Da batida forte do meu coração
Da vibração de alegria de minha alma.
De sonhos e mais lindos sonhos esparramados pelo chão.
Ando cansada, já não encontro animo ou razão.
Jogo minhas mascaras no chão
Sinto as lágrimas deslizando por meu rosto,
Hoje me sinto cansada
Não quero me esforçar, não quero lutar, brigar
Esta sou eu mesma
Despida de tudo que o mundo tenta me dizer que devo ser
Entregue a mim mesma
Sentindo o êxtase de viver minha própria essência.
Minha própria emoção
Meus próprios sonhos que por ora os pego
Despedaçados pelo chão.
(Kátia Tanaka)